Audiência pública conclui que sistema de saúde da PMDF precisa ser revisto

Policiais militares da reserva, representantes da polícia militar e esposas dos policiais foram ouvidos na Câmara Legislativa nesta quinta-feira (29), sobre as dificuldades para utilizar o os serviços de saúde e a necessidade de melhorias

As recorrentes denúncias e reclamações dos usuários do sistema de saúde dos policiais militares do Distrito federal motivaram a realização de uma audiência pública na Câmara Legislativa do DF, para aprofundar o tema e buscar soluções condizentes com as reais necessidades da corporação. O debate foi proposto pela deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania), que abriu espaço para abordar questões polêmicas como a saúde mental. Depois de ouvir vários depoimentos de policiais militares da reserva e de seus dependentes no sistema de saúde, a parlamentar se comprometeu a acompanhar a situação mais de perto e a conhecer sistemas de corporações de outros estados, como de Minas Gerais e do Goiás, que são referência, para contribuir com soluções ao da PMDF.

Logo no início do debate, a deputada expressou seu reconhecimento a todos os membros da corporação, tanto os ativos, quanto os inativos “Hoje, a PMDF é uma referência para o nosso Brasil, reconheço aqueles que construíram o caminho ao longo dos anos para que Brasília pudesse nos dar essa paz que nós temos hoje, que é a segurança pública da nossa capital federal. Que ela sempre seja uma referência brasileira!”, expressou a distrital.

De acordo com o presidente da Associação dos Oficiais da PMDF, Leonardo Moraes, A saúde não é algo finalístico na Policia Militar, ela é consequência.” O sistema como um todo precisa ser repensado e a legislação da corporação é a mesma há mais de 40 anos. Somente a senhora, deputada, terá força de sensibilizar o GDF e conseguir montar uma estrutura para que amanhã nós pensemos e reinventemos o sistema” discursou o presidente.

Saúde mental

De acordo com informações do Almanaque da PMDF, que concentra informações sobre as especialidades médicas disponíveis, a corporação tem em torno de 45 médicos para atender 70 mil prontuários. A neuropedagoga, Mirian Silva informou que hoje, só existe um único psiquiatra para assistir todos os policiais militares. “Dessa maneira, não tem condições de atender a tropa.”  Mirian, que é esposa de um policial militar, lembrou que também não consta ortopedista na lista do Almanaque, e que a PM não tem direito à fisioterapia há anos”, concluiu.

A saúde mental da corporação, tema que ganhou notoriedade na imprensa com a morte de dois policiais, quando um deles, em surto, matou o colega e tirou a vida, no Recanto das Emas, em janeiro deste ano, foi discutida na audiência. Waldeci Ramalho, Coronel, Chefe do Departamento de Saúde e Assistência ao Pessoal da Polícia Militar do Distrito Federal (DSAP – PMDF), declarou que o assunto é complexo e comentou o caso: “Aquele policial foi tratado e liberado com um laudo de um psiquiatra da rede credenciada, atestando que o paciente estava bem e apto para o trabalho. Não podíamos fazer mais nada!”, afirmou. Também reconheceu que a sistema de saúde da PM precisa ser repensado.

No decorrer da audiência, várias reclamações foram ouvidas, e as mais recorrentes dizem respeito às dificuldades do primeiro atendimento e do retorno de consulta médica na rede credenciada, pois os médicos não conseguem atender à grande demanda. A demora da autorização de exames pelo plano de saúde é outro ponto crucial. ”Quando conseguimos um retorno, a demora é tão grande que os exames já venceram! Nós não queremos credenciamentos, nós queremos que o nosso próprio hospital funcione!”, desabafou a líder do grupo das esposas dos policiais militares, Edleuza Paiva.

A audiência também contou com a participação do Presidente da Associação Recreativa e de Assistência aos Policiais Militares do Distrito Federal (CIFAIS), Major Cruz; da Presidente da Caixa Auxiliadora dos Praças da Polícia Militar do Distrito Federal (CABE), Maria Costa; do Subtenente da Polícia Militar, Presidente do Fórum Nacional Permanente de Praças dos Corpos de Bombeiros Militares e das Polícias Militares do Brasil (FONAP), Geraldo Batista. Ao final da audiência, Paula Belmonte ainda destacou a importância do tema e reforçou o compromisso de acompanhar o sistema de saúde da corporação. A parlamentar solicitará outras informações à corporação para fechar o diagnóstico sobre as necessidades de melhorias do atual modelo de atendimento à saúde da PMDF.

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