Paula Belmonte se une a distritais no debate sobre a militarização das escolas do DF

Para deputada federal, é importante garantir a liberdade dos pais escolherem o melhor modelo de ensino para suas famílias
A deputada federal Paula Belmonte defendeu, em debate da CLDF, que os pais devem ter liberdade de escolha em relação ao modelo de ensino ofertado pela rede pública do DF. A parlamentar participou de debate nessa segunda-feira (22) proposto pelo deputado distrital Hermeto (MDB).
“A educação é o único meio de transformação do país. Eu sou uma aluna de escola pública, estudei desde o jardim de infância até o antigo segundo grau. Como defensora das nossas crianças e adolescentes, acho que os pais têm que ter liberdade de escolha”, analisou Paula Belmonte.
Parlamentares favoráveis à gestão compartilhada das escolas com a Polícia Militar destacaram que os pais dos estudantes das unidades onde o projeto piloto foi implantado – o Centro Educacional 3 de Sobradinho, o Centro Educacional 308 do Recanto das Emas, o Centro Educacional 1 da Estrutura e o Centro Educacional 7 de Ceilândia – foram receptivos e já demonstram satisfação com a decisão do Governo do Distrito Federal.
Relatos dos diretores apontam aumento da frequência de pais nas reuniões e a aceitação dos alunos à presença dos policiais. “A proposta da PM é contribuir para um futuro melhor do nosso país. Não há interesse em ocupar o lugar de alguém ou julgar o ensino”, ressaltou a comandante da Polícia Militar do DF, Sheyla Sampaio.
De acordo com a coronel, o papel social junto às escolas é levar segurança para a sociedade e resguardar a função do professor. Fora isso, a comandante da PM assegurou uma mudança de comportamento dos policiais militares que participam do projeto. “O engrandecimento pessoal é algo imensurável”, disse.
Já segundo o diretor de políticas sociais do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Gabriel Magno, é necessário apresentar opiniões em dois eixos. Para o professor, o projeto apresentado em regime de urgência preocupa. Ele acredita que a militarização escancara o problema da falta de investimento na educação.
Apesar das contrariedades, o deputado distrital Fábio Félix lembrou que nem todos que são contrários à militarização são contrários à Polícia Militar ou ao Corpo de Bombeiros, e nem todos que defendem as escolas militares defendem a nomeação em concursos públicos. “Não é de hoje que o Batalhão Escolar está desfalcado e desmontado. Podíamos ter 40 escolas militarizadas, também poderíamos ter 800 policiais deslocados dos batalhões para atender todas as unidades do DF”, ponderou.
O distrital também questionou a construção de uma escola bilíngue no Lago Sul. A deputada federal Paula Belmonte lembrou que as crianças que estudam nas unidades dessa região e do Lago Norte não moram necessariamente nas proximidades. “Desde 2010 não são construídas escolas em São Sebastião. E por que essas crianças não têm direito de estudar em uma escola bilíngue?”, questionou a parlamentar.
Em todo o Brasil, existem mais de 120 escolas militarizadas há mais de 16 anos. A conjuntura do país trouxe à tona o debate sobre o projeto, em destaque no DF desde 6 de janeiro. Conforme o secretário adjunto de Educação, Mauro de Oliveira, a pergunta “qual escolas queremos?” deve ser direcionada aos pais dos estudantes.
“São eles que devem escolher e não especialistas em salas com ar condicionado. Isso não é solução para todas as escolas, não se trata de substituição pedagógica”, alertou. O secretário salientou que a comunidade escolar em geral, de acordo com a lei de gestão democrática, foi consultada e recebeu explicações sobre o modelo da militarização.
Comunidade de aprendizado
O Distrito Federal ganhou, em 2018, a primeira unidade de comunidade de aprendizagem no Paranoá. A Escola Classe Comunidade de Aprendizagem tem o mesmo conteúdo previsto na Base Nacional Comum Curricular, mas tem como proposta pedagógica o ensino por meio de projetos, em espaços diferenciados para o aprendizado.
A deputada Paula Belmonte comentou sobre a inovação e observou a ausência de divulgação e relevância do tema, como tem sido com a militarização. “Estamos em um país livre para escolher uma escola militar ou uma comunidade de aprendizado, onde praticamente não existem salas de aula. É importante não ser radical de um lado e deixar o outro passar”, disse. Para a deputada federal, democracia é viver em uma sociedade onde caibam os dois modelos.

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