Faltam ambulâncias, remédios, leitos, tomógrafo, atendimento pediátrico adequado, infraestrutura na maternidade. “Recomendo que seja fechado”, alerta Paula Belmonte
Um susto e o retrato do descaso com a saúde pública marcaram a primeira visita de reconhecimento e fiscalização da deputada federal Paula Belmonte no Hospital Regional de Brazlândia, nesta sexta-feira (22). Logo na chegada, a parlamentar se deparou com um homem baleado, deixado na porta da unidade pelos comparsas, instantes após uma troca de tiros com policiais em um comércio da cidade.
Os bandidos não puderam ser identificados, de imediato, porque não há câmeras de vigilância no hospital. Outro absurdo: o policial envolvido na ocorrência só chegou à emergência cerca de 40 minutos depois, levado por uma ambulância do Corpo de Bombeiros. Ferido, teve de ficar no local do assalto à espera de socorro até ser conduzido ao hospital.
O crime ocorreu próximo a Padre Lúcio, divisa entre Águas Lindas e Brazlândia. Um dos policiais morreu com a troca de tiros, o sargento André Balselar Ramos. O outro PM atingido e o bandido continuaram internados. Balselar era da 35ª CIPM de Águas Lindas.
“Quero conhecer a família desses policiais. Compartilho meus sentimentos e peço a Deus que conforte a todos. É preciso um olhar com mais atenção e reconhecimento para os nossos Policiais Militares”, lamentou a deputada federal Paula Belmonte.
Brazlândia: saúde em crise
O hospital é o único posto de atendimento da cidade. Hoje havia apenas um médico no local. Dentro, salas lotadas de macas com idosos, sem alas divididas e apenas um banheiro para todos os pacientes. Na ala pediátrica, a mesma situação. Não há cadeiras para as mães e, mesmo sob o risco de contaminar os filhos, elas não têm outra solução a não ser dormir na mesma cama.
Para a deputada federal Paula Belmonte, a situação reflete o descaso do poder público com os cidadãos. “Vamos preparar um documento oficial com todas as necessidades. Assim que for realizada a reunião da bancada, vou levar as prioridades de Brazlândia ao conhecimento dos demais parlamentares e expor essa situação na tentativa de melhorar a qualidade no atendimento para toda a sociedade local o quanto antes”, garantiu a parlamentar.
Denise Magalhães, de 38 anos, é mãe de Isaac Augusto, 5 anos, que sofre de asma e pneumonia e está internado no Hospital Regional de Brazlândia. “Estou com pneumonia, minha outra menina está com bronquite e não foi atendida. Não deveria nem mesmo estar deitada com meu filho porque ele está com a imunidade fraca. Se eu tossir ele piora”, contou.
A mãe, que constantemente precisa internar Isaac porque no posto de saúde não tem a bomba que o auxilia com a asma, reclama que a realidade do local é de pouca estrutura, nenhum remédio e total precariedade. “Vem muita gente visitar, gente bonita, mas a realidade do hospital só conhece quem convive com ele todos os dias, e aqui não tem nada de bonito”, disse.
Maternidade fechada
Os relatos são de que as grávidas levadas HRB são transferidas porque também não há ginecologistas suficientes. Por isso, a maternidade segue fechada. Segundo Etieno Sousa, assessor especial da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SESDF), o novo secretário está fazendo um mapeamento para ver as reais necessidades da região.
“Na antiga gestão, retiraram muitos profissionais e mandaram para Ceilândia. Já que a gestão do hospital possui a informação do déficit, basta oficializar”, informou. O assessor ainda afirmou que a secretaria fará visitas a todas as regionais do DF.
Andamento das obras
São dois anos de espera por obras de ampliação na saúde de Brazlândia. Eliana Nunes, presidente do Conselho de Saúde, relatou que a planta para novas obras começou a ser feita há dois anos. “Agora, foi publicado o valor da emenda para pagar o projeto e nos pediram 90 dias para devolver essa planta e, então, podermos licitar”, contou.
As obras no Hospital Regional estão previstas para o segundo semestre. De acordo com a presidente do conselho, outras reformas estão sendo encaminhadas, como dos postos rurais, que já têm plantas prontas. Uma no Incra 8 e um CAPS, que já funciona, mas em um local cedido pela Administração Regional da cidade.