A parlamentar questionou o empresário sobre a contratação de José Dirceu, um dos pilares do PT, por R$ 6 milhões, que não gerou nenhum resultado
A deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), vice-presidente da CPI do BNDES, ironizou as afirmações do empresário Eike Batista, que admitiu à Comissão Parlamentar de Inquérito nesta terça-feira ter conseguido empréstimo de R$ 10 bilhões na instituição e disse aos deputados que a quantia era modesta. “Eu estou precisando construir três creches. O senhor não gostaria de fazer uma doação de uns R$ 6 milhões?”, perguntou.
A parlamentar quis saber por que Eike contratou José Dirceu, um dos pilares do PT, por R$ 6 milhões. “Comecei a construir uma siderúrgica na Bolívia, mas o Evo Morales decidiu nacionalizá-la. Para quem eu ia pedir socorro? Me recomendaram contratar o Zé Dirceu. Ele foi para a Bolívia e negociou. Depois, fomos abandonados”, afirmou o então comandante do Grupo X. “Precisamos entender real motivação de uma contratação de alto custo e que não gerou nenhum resultado, o que é, no mínimo, muito suspeito”, analisa Paula.
O empresário exibiu à CPI um levantamento de informações sobre os contratos de suas empresas com o BNDES, que eram assegurados pelo seu patrimônio e não oferecia risco ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Eike também negou fazer parte de um grupo de campeões nacionais que, supostamente, obtinham prioridade nas transações do banco.
Questionado pelo seu contato com Luciano Coutinho, Eike afirmou que, se houve movimentações que favoreceram empresas, veio de uma cúpula acima do então presidente do BNDES. Segundo o empresário, Coutinho não tinha força para a tomada de decisões no banco, nem para intervir quando, segundo Eike, suas empresas foram desfavorecidas.
Ao responder as indagações da deputada do Cidadania sobre as doações eleitorais, Eike admitiu que pagou os marqueteiros João Santana e Mônica Moura com cheque nominal, e afirmou que todas as doações eleitorais que fez eram declaradas.
Para Eike Batista, o foco lançado sobre ele foi feito para desviar os olhares da real caixa-preta do BNDES. Segundo o empresário, o banco possui um relatório irregularidades no setor de estaleiros no Rio de Janeiro, e que foram ocultados, possibilitando um prejuízo exorbitante.
“O Brasil viveu uma cultura de naturalização da corrupção que gerou prejuízo de bilhões para os cofres públicos, o que resultou na crise que estamos vivendo atualmente, com cerca de 400 milhões de desempregados no país, e que precisa de medidas urgentes para se recuperar ao longo dos próximos anos”, conclui Paula Belmonte.