A deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), titular da Comissão de Educação da Câmara, defendeu, nesta quarta-feira (9/9), o retorno das aulas presenciais no país. “Precisamos tomar decisões para retomar nossa vida e nosso crescimento econômico”, disse, durante audiência pública que debateu o tema na comissão que acompanha a legislação e as políticas públicas para enfrentar a pandemia do coronavírus.
Para a parlamentar, a educação é “essencial, prioridade absoluta como fala nossa Constituição”. Ao avaliar a gravidade da pandemia, Paula Belmonte chamou a atenção para a necessidade de avaliar as questões com sensibilidade e solidariedade. “O exemplo que temos da Coreia do Sul foi o de que a sociedade passou a ver o momento com seriedade, sinceridade, conscientização e solidariedade”, disse.
A representante da Unicef no Brasil, Florence Bauer, recomendou a reabertura das escolas. “É urgente a tomada de medidas de segurança para a retomada do funcionamento das escolas no Brasil. Pode-se levar em conta a situação epidemiológica dos municípios e promover, de forma adequada, esse retorno. A reabertura deve ocorrer o quanto antes para que não ocorra um impacto ainda maior nas crianças e adolescentes, que já são as vítimas ocultas dessa pandemia”, destacou Bauer.
No entender de Paula Belmonte, o prejuízo com a suspensão das aulas, que já dura cerca de 180 dias, é imensurável. “A educação salva e possibilita às crianças aprenderem protocolo de saúde, a ensinar seus pais que, em muitos casos, não sabem ler nem escrever”, salientou.
Analisando a falta de estrutura em muitas escolas, como aquelas localizadas nas periferias, para receber os alunos durante a pandemia, a parlamentar do Cidadania questionou: “A casa onde a criança mora tem essa estrutura, a casa da criança que está sem alimentação tem? A casa onde a criança está tem saneamento básico?”. A deputada afirmou ainda que é preciso encarar a educação com mais responsabilidade.
Paula Belmonte alertou para a possibilidade de aumento da evasão escolar na volta às aulas por causa da suspensão. Defensora da primeira infância, ela disse que, com esse público, “tem que ser hoje e agora”. Muitos alunos do ensino médio também podem desistir dos estudos, atraídos pela criminalidade e pelo tráfico de drogas, avaliou a parlamentar.
“A retomada das aulas presenciais é mais que abrir as portas, é salvar vidas, e é essa sensibilidade que o parlamento precisa ter”, destacou. A deputada defendeu também educação em tempo integral. “Se olharmos para a China e a Coreia do Sul, veremos que há 20 anos esses países tinham as mesmas condições do Brasil. O que eles fizeram? Investiram em educação”.
Paula Belmonte disse percebido que “para muitos é interessante manter nosso povo sem educação”. No Brasil, alguns estados já permitiram a volta das aulas presenciais, entre eles, Amazonas, Pará, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
A reunião foi dividida em duas mesas de debate. A primeira foi composta pela representante da Unicef no Brasil, Florence Bauer; o Embaixador do Japão, Akira Yamada; o ministro na Embaixada da República da Coreia no Brasil; o Diretor de Educação da Agência Nacional para Educação na Suécia, Henrik Dahl; a fundadora da Vozes na Educação, Carolina Campos.
Participaram também da reunião, na segunda mesa, o assessora especial do Ministro de Estado da Educação, Wandemberg Venceslau Rosendo dos Santos; do representante do Conselho Nacional de Educação, Luiz Roberto Liza Curi; do secretário de Estado da Paraíba, Claudio Furtado, representando o Consed; o dirigente municipal de Educação de Alto Santo (CE) e presidente da Undime Região Nordeste, Alessio Costa Lima.