Para deputada federal, muitos defendem temas que hoje estão prejudicados por escolhas dos governos passados
A deputada federal Paula Belmonte pediu coerência aos políticos que defendem grupos específicos na CPI do BNDES desta quinta-feira (29). Ao depoente do dia, Álvaro Luiz Vereda, ex-assessor da presidência do banco, nenhuma pergunta. A parlamentar já está convicta do lobby praticado por ele, registrado em depoimentos ligando o ex-assessor ao ex-ministro Guido Mantega e das denúncias da contratação de Vereda pela Odebrecht para manter informações privilegiadas.
“Por isso, mais uma vez, eu digo que devemos regularizar o lobby”, alertou. A deputada, na ocasião, citou Maria da Glória, ex-funcionária do Banco Central e da Camex, como outro nome no meio-campo entre a Odebrecht, a Camex e o BNDES. “O mais surpreendente da Maria da Glória é que, quando era servidora pública, usava o seu cargo público, pago pelo contribuinte, para fazer lobby e fornecer informações privilegiadas”, completou.
Em reposta a um dos deputados membros da CPI, Paula Belmonte defendeu o partido ao qual faz parte, acusado pelo parlamentar de estar entre grupos omissos em relação à corrupção dos últimos anos. “Eu faço parte de um partido chamado Cidadania, no qual, se houver pessoas envolvidas em algum ato que o senhor trouxe aqui, serei a primeira a me colocar à disposição para fazer uma fiscalização. Mas também sei que o partido tem uma história bonita e todas as pessoas que foram envolvidas em algum tipo de ato corrupto foram convidadas a se retirar”, relatou.
A deputada criticou a política incoerente de alguns partidos. “Eu vejo muitos deputados no Plenário defendendo a questão do meio ambiente, que eu também defendo. Mas acho incoerente um partido (PT) que fala dos empresários e na questão do BNDES acha normal uma política de Estado que beneficiou apenas um pecuarista, trouxe o desemprego e que hoje está entre os principais acusados pelo desmatamento do meio ambiente que eles tanto defendem”, analisou.
Emocionada, a deputada federal Paula Belmonte destacou que as indicações no BNDES e em toda esfera pública “amarram” o voto dos cidadãos, que precisam eleger corruptos para continuar pagando as contas e cuidar dos filhos. A brincadeira de tratar a corrupção como algo normal tem deixado o Brasil desfalcado enquanto muitos brasileiros passam fome, índios se perdem nas drogas e jovens de classes mais baixas morrem na criminalidade, fora do ambiente universitário. “Se queremos mudar esse país, vamos defender os mais vulneráveis e ser coerentes”, finalizou Paula Belmonte.