Mesmo com orçamento milionário, a área ainda sofre com falta de estrutura e pessoal, segundo relatório apresentado na Comissão de Fiscalização e Transparência
A informatização do Governo do Distrito Federal foi pauta de reunião pública na Câmara Legislativa, realizada nesta sexta-feira (6). Relatório produzido pela Comissão de Fiscalização, Transparência, Governança e Controle (CFTGC) mostrou que falta pessoal qualificado e há subutilização da força de trabalho na área. No levantamento foi avaliada a situação da tecnologia das secretarias de governo, das administrações regionais e de empresas públicas do DF.
Uma das constatações é de que nem todo o orçamento destinado para o serviço de tecnologia da informação foi empenhado. Em 2024, estavam aprovados R$ 545 milhões, mas apenas R$ 402 milhões foram executados. Para o orçamento de 2025 estão previstos R$ 566 milhões em investimentos.
Para a presidente da Comissão, deputada Paula Belmonte (Cidadania), essa é “uma das áreas mais importantes do governo”. A distrital destacou que há a necessidade de atualização tecnológica nas secretarias de Saúde e de Educação. “É uma situação sub-humana que 70 nutricionistas precisem atualizar 700 planilhas de Excel e olhar uma a uma”, lamentou a parlamentar.
Paula ficou surpresa ao saber que o GDF ainda sofre com a falta de digitalização em áreas-chave da administração pública, pela falta de equipamentos adequados e de pessoal qualificado para o serviço.
O secretário-geral da Comissão, Marcelo Herbert de Lima, que conduziu a apresentação dos resultados do relatório preparado pela Comissão, sugeriu a criação de um “governo digital”, ou seja, reunir serviços básicos em uma mesma plataforma, Citou como exemplo o Na Hora, que foi definido como “um grande shopping de serviços públicos”.
O servidor também apontou que existe um comitê de tecnologia da informação no GDF. No entanto, o grupo não se reúne há vários anos, o que tem impedido inúmeros avanços. Marcelo ainda mencionou a necessidade de padronização da área em toda a administração pública.
Outra constatação é a falta de pessoal qualificado e a subutilização da força de trabalho. Por exemplo, nas administrações regionais, uma única pessoa é responsável pelas diversas especialidades da área de TI. “Não se pode querer que um servidor de TI domine a parte de cabeamento até o desenvolvimento e manutenção de softwares”, exemplificou.
Melhorias
Representantes das secretarias de Economia, de Ciência, Tecnologia e Informação, se comprometeram a tratar de padronização do desenvolvimento de sistemas; criar uma carreira de tecnologia, com diversas especializações; nomear servidores, principalmente nas Administrações Regionais.
Alexandre Villain, secretário-executivo de Ciência e Tecnologia, afirmou que há um edital para selecionar uma instituição científica tecnológica. Ela será responsável por “dar forma às demandas das secretarias”. O edital é, de acordo com o gestor público, resultado de “metodologia acadêmica”, sendo coordenado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). “TI, na prática, é uma prioridade sim, não só do Executivo, mas sim do Poder Público”, afirmou.