A garantia de que não haverá blindagem foi cobrada em especial pelo distrital Fábio Félix, do PSOL, pedido aceito por todos os demais
Líder do governo na Câmara Legislativa, o distrital Robério Negreiros garantiu durante a leitura do requerimento da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará os atos terroristas cometidos em Brasília no último dia 8 e em 12 de dezembro, que não aceitará nem a presidência, nem a vice-presidência dos trabalhos.
É uma forma, disse ele, de comprovar que, da parte do governo brasiliense, não haverá qualquer tipo de blindagem. Ele admitiu ser o relator da CPI, pois essa escolha cabe ao presidente da comissão, embora geralmente se faça mediante uma ampla composição partidária.
A garantia de que não haverá blindagem foi cobrada em especial pelo distrital Fábio Félix, do PSOL, pedido aceito por todos os demais. Segundo o presidente da Câmara, Wellington Luiz, “o ódio descarregado naquele dia precisa ser apurado com muito rigor, pois aqueles criminosos não podem ser chamados de manifestantes – e eu sei bem o que é isso, pois como sindicalista sempre fui manifestante”.
Responsabilidade do governo federal
O líder Robério Negreiros destacou que “o GDF tem sua parcela de responsabilidade, mas quero deixar claro que a União também pecou, uma vez que há vários relatos de liberação de 40 militares no Palácio do Planalto no dia do problema, além de deixarem a Força Nacional com apenas 27 integrantes”.
Os deputados já decidiram que o governador não será convocado. Tomaram como base para isso decisão do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual é preciso manter a separação dos poderes. Nesse sentido, o distrital Jorge Vianna afirmou que Ibaneis Rocha “não teve o direito de se defender, o que não é razoável e, mesmo sendo extremamente crítico ao governo, acho que foi desproporcional”.
Afinal, completou, é muito ruim ter um Estado em que o seu chefe do executivo está afastado de forma tão abrupta, ainda mais que ele deveria ser investigado estando no cargo”.
O distrital Rogério Morro da Cruz acrescentou que “os fatos comprovam que Ibaneis foi levado ao erro por auxiliares que deveriam cuidar da segurança pública do Distrito Federal”.
E Joaquim Roriz Neto, indicado durante a sessão pelo PL para ser seu representante na CPI, afirmou que considera “um ato de golpe o que foi feito pelos terroristas nos poderes, mas considero da mesma forma uma tentativa de golpe o pedido de impeachment do governador Ibaneis Rocha sem provas, sem fundamento e sem justificativa”.
Questão de isonomia
Indicado pelo PT para ser membro – e provavelmente vice-presidente – da CPI, Chico Vigilante afirmou que a comissão “precisa apontar os responsáveis, para que sejam punidos pela Justiça e com um trabalho com bastante isonomia”.
Ele cobrou também do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, a investigação dos financiadores desses movimentos, “os grandes capitalistas exploradores que mandaram os manifestantes ao Distrito Federal para aprontar toda a baderna”.
Max Maciel, do PSOL, ironizou os bolsonaristas que “deram um cavalo-de-pau em seu discurso e, antes dizendo que bandido bom é bandido morto, agora se preocupam com a situação degradante das cadeias”.
Dayse Amarílio cobrou celeridade na composição e início dos trabalhos da CPI. E Paula Belmonte, que deverá ser suplente da comissão, defendeu a importância de que o Distrito Federal recupere sua autonomia, “ainda mais que temos de defender as nossas forças de segurança, a melhor do Brasil”.