CPI do Rio Melchior: poluição pode atingir 60% da população do DF, diz estudo

Apresentada nesta quinta-feira, análise técnica da Consultoria Legislativa da Câmara Legislativa mostra possíveis causas de degradação ambiental

A poluição do Rio Melchior pode ter impactos em quase todo o Distrito Federal. Estudo feito pela Unidade de Desenvolvimento Urbano, Rural e Meio Ambiente (UDA) da Câmara Legislativa alerta que 60% dos habitantes do DF podem estar consumindo a água contaminada. O levantamento foi apresentado nesta quinta-feira (15) na quinta reunião da CPI do Rio Melchior.

Porque o Rio Melchior, o exutório [escoamento] dele é no Rio Descoberto, que abastece o reservatório Corumbá que é a fonte de abastecimento de água para a população do Distrito Federal”, respondeu a consultora legislativa Moíra Nogueira, quando perguntada pela deputada Belmonte sobre o impacto da poluição para o cidadão brasiliense.

A presidente da CPI, deputada Paula Belmonte (Cidadania), ressalta a importância do Rio Melchior, também para a região do Entorno do DF. “Águas Lindas de Goiás também consome essa água. Então, esse percurso abastece o DF e a região metropolitana”, destaca a distrital.

Técnicos defendem reclassificação

Em 2014, o Rio Melchior foi classificado como “categoria 4”, de acordo com a resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Isso significa que a água não serve para consumo humano.

“Tem muita gente desavisada que acaba se aproximando e tendo algum contato com a água do Rio. O ecossistema fica inviabilizado e a vida fica complicada diante de tanta poluição, além das pessoas que vivem perto das margens do rio”, explica a advogada Daniela Von Adamek, também do corpo técnico da UDA.

A reclassificação do Rio Melchior é defendida pelos técnicos. Se o nível chegar à categoria 3, por exemplo, isso “exigiria um tratamento melhor por parte dos lançadores de efluentes”, afirma André Felipe da Silva, biólogo e técnico da UDA. Ele destaca que boa parte dos rios do DF estão categorizados como “nível 2”.

Lançadores de efluentes

Três principais agentes de efluentes estão na região: o Aterro Sanitário de Brasília, uma estação de tratamento da Caesb e um abatedouro de frangos de uma empresa privada. Todos eles despejam rejeitos no Rio Melchior, conforme apontam os técnicos. Além disso, o estudo aponta que o rio sofre com o lançamento clandestino de poluentes.

Paula Belmonte questionou se a possível termoelétrica, que pode ser instalada na região, deve agravar, ainda mais, a situação. A operação requer que a água seja esquentada quando devolvida, conforme relato da parlamentar. “A temperatura, quanto maior, mais reações químicas. E isso faz com que o oxigênio comece a se perder”, respondeu André Felipe.

Próximos passos

A presidente da CPI anunciou que a próxima atividade do colegiado inclui uma visita técnica ao local, especialmente no Aterro Sanitário de Brasília, marcada para o dia 22 de maio.

Para subsidiar os andamentos, a deputada também anunciou que vai oficializar a consultoria técnica dentro da CPI. O objetivo é embasar, com dados, tudo o que for apurado pela comissão. “A minha responsabilidade aqui é, sim, ser uma representante do povo, mas essa CPI vai tratar de uma maneira propositiva e técnica e não de forma política”, garante a deputada.

A reunião foi transmitida, ao vivo, pelo canal do YouTube da TV Câmara Distrital. Confira:

Veja todas as fotos da CPI abaixo:

Fotos para Divulgação

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