A alimentação saudável no Brasil com foco na primeira infância foi o tema central da audiência pública promovida pela deputada federal Paula Belmonte (Cidadania – DF) na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, na terça-feira (5/11). O encontro reuniu representantes do governo, órgãos reguladores, estudiosos, acadêmicos, empresários e sociedade civil.
Veja na íntegra
Na abertura da audiência, a deputada Paula Belmonte reiterou o seu compromisso em defesa das crianças e adolescentes. “Em relação à alimentação temos algo essencial para que a gente possa construir um país melhor. Quando falamos em alimentação adequada, estamos falando sobre o que as escolas estão oferecendo e vendendo para os seus alunos, e o que o próprio comércio está informando aos pais na escolha da alimentação dos seus filhos. Infelizmente temos uma oferta absurda de alimentos ultraprocessados, que geram problemas sérios no desenvolvimento das nossas crianças”, destacou a deputada Paula Belmonte na abertura da audiência.
A mesa de debate foi composta pela Coordenadora Geral de Alimentação e Nutrição Ministério da Saúde, Gisele Ane Bortolini, do gerente de Padrões e Regulação de Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Tiago Rauber, e da líder do Programa de Alimentação Saudável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), Ana Paula Bortoletto. Os participantes destacaram a importância da aplicação de políticas públicas para proporcionar o desenvolvimento saudável das crianças.
Políticas Públicas
Gisele Bortolini explicou como é desenvolvida a política do governo e apresentou os principais indicadores trabalhados pelo órgão no desenvolvimento de políticas públicas. “Nossos estudos nos mostram a prevalência da obesidade em crianças. que 33% das crianças entre cinco e nove anos têm excesso de peso, sendo que 14% são obesas. Nos adolescentes a incidência é de excesso de peso é de 17% e de obesidade, 8%. As crianças que têm obesidade têm grande chance de serem adolescentes obesos e consequentemente adultos obesos. A prevenção da obesidade infantil é algo muito sério. É preciso ter ações efetivas de prevenção”, explicou a coordenadora de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde.
Segundo Tiago Rauber, a Anvisa tem uma consulta aberta para a conclusão do processo regulatório sobre rotulagem nutricional. “Um dos instrumentos é a regulação, que pode ajudar muito nesse processo de prevenção e controle da obesidade no Brasil”, explicou. A consulta pública está aberta na Internet até a próxima quinta-feira (7).
O IDEC tem o foco na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, que incluem obesidade, diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer. “Vemos o domínio no consumo e oferta de produtos processados. A questão não é criticar as empresas, mas o problema é o desequilíbrio que acontece hoje. Vemos a oferta muito mais ofensiva de produtos que não são saudáveis”, afirmou.
Menção Honrosa
Durante a audiência, a deputada Paula Belmonte entregou a menção honrosa para duas iniciativas exitosas do Distrito Federal no combate à fome – o Banco de Alimentos do Distrito Federal e o programa Mesa Brasil. Os empreendimentos foram representados por Lidiane Matos e Sebastião Abrita Aguiar, respectivamente.
O Banco de Alimentos do Distrito Federal, desenvolvido pela Ceasa, atende 135 instituições sociais, que reúnem mais de 33 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social e alimentar. “Distribuímos semanalmente uma média de 30 variedades de itens de alimentos para estas instituições. São mais de cinco milhões de refeições já fornecidas. Fornecemos alimentos e incentivamos o produtor local”, destacou Lidiane Matos.
Já o Mesa Brasil é um programa nacional de segurança alimentar e nutricional de combate à fome e ao desperdício de alimentos, apoiado pelo Serviço Social do Comércio (SESC Brasília) e pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Funciona como um elo entre empresas doadoras e entidades receptoras. “Levamos alimentos de onde está sobrando para onde falta. Temos 250 doadores, 250 instituições atendidas, onde 70% acolhem crianças. A minha missão é minimizar a fome e trabalhar com pessoas em situação de vulnerabilidade”, enfatizou o empresário e voluntário Sebastião Abrita Aguiar.