Debate faz parte da programação da Semana da Primeira Infância, promovida pela Câmara Legislativa por iniciativa da deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania)
O autismo e a superdotação na infância foram tema do debate de abertura da Semana da Primeira Infância da Câmara Legislativa do Distrito Federal realizado nesta segunda-feira (26). A proponente do debate, deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania), se comprometeu a levar o tema em frente, cobrando do governo maior efetividade nas políticas públicas para esse segmento.
A atividade reuniu familiares de crianças nessas condições, além de especialistas nas áreas. A parlamentar declarou que discutir o assunto é plantar “uma pequena sementinha” na sociedade.
“Agosto é um mês de várias iniciativas da Primeira Infância acontecendo no Brasil inteiro”, destaca Paula, ao relembrar a sanção da lei nº 14.617/2023, proposta por ela quando exercia mandato de deputada federal. Para a distrital, é fundamental “chamar autoridades para entender a importância” do tema. “É preciso fazer com que todas as crianças sonhem e tenham condições de realizar, com apoio do Estado e da família”, complementa.
Na abertura do evento, Paula Belmonte comentou ser diagnosticada com dislexia e trouxe um relato pessoal de falta de compreensão, o que também é vivenciado pelas famílias. A distrital defende apoio à estrutura como forma de fortalecer crianças nessas condições. “Vamos lutar por políticas públicas que vão atingir a todas as crianças”, destaca.
Dupla excepcionalidade
A psicóloga Aline Dias de Araújo, especialista em psicologia escolar e análise do comportamento aplicada ao autismo e deficiência intelectual, abriu o debate esclarecendo a diferença entre as duas condições. Enquanto o autismo é um transtorno, a superdotação é, somente uma condição de neurodesenvolvimento.
Atualmente, o TEA é classificado por “níveis de suporte”. Antes, era avaliado como “leve, moderado e severo”. “O autismo é leve, mas é leve pra quem?”, questiona a especialista. Já no caso da superdotação, é constatada “uma precocidade”. Quando finalizada a análise dos especialistas, diz Aline, um relatório é produzido. “Quem é essa criança por trás desse teste”, emenda a psicóloga.
Visibilidade para a superdotação
Também convidada para compor a mesa de debate, a advogada e empresária Adriana Galdino é mãe da pequena Isabela, de 4 anos. A garota recebeu diagnóstico de superdotação, sendo que aos sete meses já começou a falar.
Ela reforça que é fundamental olhar com mais atenção para o tema. “É importante debate porque a gente traz visibilidade. A superdotação não acompmahada ela gera problemas”, ressalta.
Maternidade atípica
A jornalista Jessica Andrade também relatou a sua experiência de maternidade, mas focada na vivência do autismo. Seu filho mais novo está no Espectro Autista, sendo que o diagnóstico veio “cedo”.
Ela defende a escuta ativa, especialmente da família, na construção de diagnósticos. “Especialista é especialista na área dele, mas a mãe é especialista no filho”, cravou. Ela também elogiou a deputada por defender a pauta da maternidade como parte fundamental para a construção na construção da primeira infância. “Como você cria política política pública para as mães sem ouvir as mães?”, pontua.
Ausência do GDF
Convidado para o debate, o Governo do Distrito Federal não mandou representantes. Na programação constava o nome da subsecretária de Educação Inclusiva e Integral (Subin), Vera Lúcia de Barros.
Paula Belmonte defendeu a presença do governo local na formulação de políticas para a Primeira Infância. “Precisamos trabalhar em parceria com as secretarias de Educação e de Saúde”, destaca.
Programação
Até quinta-feira (29), a Câmara Legislativa recebe atividades referentes ao Mês da Primeira Infância. Na terça (27) e na quarta (28), haverão outros debates, também na sala de comissões Deputado Juarezão. Ainda na noite de quarta, uma sessão solene homenageará pessoas e entidades defensoras da causa. O encerramento está marcado para quinta, com uma tarde de recreação.