O retorno das escolas públicas às atividades presenciais foi tema de debate da Comissão Especial da Covid-19 no Distrito Federal. A defensora pública Karini Abritta falou sobre as repercussões no desenvolvimento de crianças e jovens que estão há mais de um ano sem aulas e classificou o assunto como uma “questão de segurança pública”.
Karini Abritta faz parte do Núcleo da Infância e Juventude da Defensoria Pública do Distrito Federal. Para ela, a falta de contato com o mundo externo causa situações de vulnerabilidade. “É uma questão de segurança pública. Essas crianças podem vir a ser tornar infratores em razão da naturalização da violência. 80% das notícias de abuso e negligência chegam por meio da escola. Os colegas e professores recebem essa informação. A escola é o primeiro local que se percebe isso”, explicou.
Segundo Abritta, questões financeiras também pesam para as famílias carentes. Além disso, uma parcela da população vulnerável tem dificuldade inclusive em alcançar programas sociais. Para ela, nesses casos, é ainda mais grave a ausência na escola.
“Crianças estão à mercê de responsável legal e sem qualquer tipo de assistência fora da família. E muitas vezes a família não consegue dar esse apoio. O retorno não precisa ser obrigatório. Existem pessoas que têm condições de continuar no ensino remoto, mas muitas famílias precisam da merenda escolar”, concluiu.
A deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) é autora do projeto de lei 5595/2020, que torna a educação atividade essencial. A parlamentar tem cobrado do governo ações efetivas para que as escolas voltem a funcionar. “Precisamos pressionar para que as aulas voltem, mas também que os professores e a comunidade escolar também se sintam seguros. Mas nós sabemos que muitas crianças estão presas com os agressores e exploradores”, ponderou.