Apresentado pela deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF), o podcast Nosso Mandato estreou no Spotify na quarta-feira 12/2. O tema do debate foi a CPI do BNDES e os desdobramentos das investigações. Participaram do debate os deputados federais Vanderlei Macris (PSDB-SP) e Sanderson (PSL-RJ) e o procurador da República Ivan Marx, que atuou nas ações contra irregularidades no banco estatal.
A deputada federal Paula Belmonte relembrou as manobras dos investigados pela CPI antes das ações no âmbito da Câmara dos Deputados. “Eu sempre me lembro da cena de Joesley Batista indo para os Estados Unidos com seu iate”, afirmou.
Para ela, é urgente rever delações premiadas. “A JBS acabou com pequenos frigoríficos, fizeram um arrastão nos concorrentes, algo que os Estados Unidos não permitiram lá. E o acordo de leniência feito pelos irmãos Batista é algo que precisa ser revisto, porque não podemos deixar esse capital sair do Brasil”, completou.
O procurador Ivan Marx criticou a auditoria paga pela cúpula do BNDES e teve o apoio de todos os participantes. “Foi um trabalho que se restringiu a verificar conformidade de documentos de quem o contrata. O BNDES contratou e solicitou o que queria que fosse fiscalizado e entregou a documentação para essa empresa de auditoria, por uma bagatela de R$ 48 milhões. Uma auditoria não tem os poderes dos órgãos estatais, como a Polícia Federal, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União e a própria CPI”.
Segundo o presidente da CPI, deputado Vanderlei Macris, o trabalho da CPI colheu elementos suficientes para que as irregularidades fossem expostas. “Se o presidente da República precisava abrir a caixa preta, deveria buscar aqui no relatório da CPI. Esse sim foi um trabalho de investigação bastante detalhado. Grupos econômicos estavam se utilizando da estrutura do BNDES para viabilizar grandes negócios no Brasil. Hoje sabemos a dificuldade que estamos tendo para segurar esse capital no Brasil”, criticou.
As fragilidades da auditoria foram comentadas pelo deputado Sanderson. “Essa auditoria privada não tem o poder que o Estado possui. Pode ser, inclusive, manipulada. Não estou dizendo que essa tenha sido, mas aconteceu em meio à operação Lava Jato, com a Petrobras sendo dilapidada, e foi contratada uma auditoria com dinheiro público para dizer que era uma empresa rígida em compliance. Mas não era. Nós sabíamos que a Petrobras era objeto de roubalheira e prevaricações de toda sorte”, afirmou.