Programa do governo Temer só teve 11% da meta cumprida, mas na capital foi deixado de lado
Anunciado como uma iniciativa audaciosa, o Criança Feliz sequer foi implantado no Distrito Federal. O principal trunfo do projeto era visitação de casas de famílias em situação vulnerável. Em todo o Brasil, só 11% do objetivo foi alcançado. As informações são da Folha de S. Paulo.
O programa foi lançado em outubro de 2016, com um discurso da ex-primeira dama Marcela Temer. Seriam observados aspectos como saúde, alimentação e estímulos adequados às crianças em regiões de baixa renda. Mesmo com expansão em ritmo lento, o projeto é tido como uma iniciativa eficaz, se comparada com o que já foi realizado em outros países.
“Em nível global, é a mais rápida que eu conheço”, afirmou o psicólogo venezuelano Leonardo Yánez. Os números oficiais mostram que 440 mil crianças foram visitadas. Em comparação com o programa Early Head Start, implantado em 1994 nos Estados Unidos. À época, menos de 150 mil lares foram atendidos.
Apesar dos resultados, os especialistas ouvidos pela Folha acreditam que o programa desacelerou graças da perspectiva de fim da gestão de Michel Temer (MDB) e, por isso, menos beneficiários foram atingidos. Em São Paulo, por exemplo, a expectativa era atender 300 mil crianças, mas só 5,4 mil tiveram visitas dos agentes de saúde. O orçamento para 2019 também
é apontado como insuficiente para expandir o projeto.
Para a deputada federal Paula Belmonte (PPS), a falta de implantação no Distrito Federal é emblemática, já que as autoridades parecem ter agido como se não houvesse necessidade de atenção à primeira infância. “Temos comunidades em Brasília em situação de miséria extrema. Sol Nascente, Chácara Santa Luzia, na Estrutural, Itapoã e o Condomínio Porto Rico são locais onde vemos condições lamentáveis para o desenvolvimento das crianças”, afirmou.
A parlamentar completa falando sobre a falta de iniciativa das autoridades. “O poder público se omitiu totalmente. Seria uma verba que viria para agregar bastante a essas famílias carentes. O Estado já é omisso naturalmente, mas quando falta a iniciativa para garantir um recurso do governo federal, é uma falha mais grave ainda”, criticou.